vendredi, octobre 05, 2007

uma mulher em mil


ontem assisti a um show lindo e inspirador, de uma argentina doce e talentosa.
seu nome: Juana Molina.
ela começou dizendo em um portunhol esforçado que estava nervosa, pois achava os brasileiros um povo muito musical e crítico, e que podíamos achá-la sem ritmo ou sem suingue...
blasfêmia! ou talvez charme! por que fazia tempo que não via uma pessoa com tanta noção ritmica, precisão e criatividade.
era uma mulher em mil, uma banda de uma única integrante.
ela construia a música ali, na hora, pouco a pouco, somando pedacinhos de melodias do piano, batidas de uma mini bateria eletrônica ou algo assim, acordes de violão e muitas sobreposições de vozes.
e não era nada de som cabeça, high tec ou eletrônico. só sons naturais e originais. um bom e velho folk.
poderia ser uma espécie de versão contemporânea daqueles músicos que viamos em filmes e que tocavam ao mesmo tempo vários instrumentos, uma gaita na boca, um chocalho no pé, tambores espalhados no corpo, etc.
mas ela era bem mais sutil e mais discreta. inclusive nas suas composições, super poéticas e delicadas com frases como "una verdad se invienta con suma precisión" e "quiero ver las culpas sobre la mesa".
e finalizou o show lindamente com uma canção de protesto (algo que os argentinos sabem fazer bem), ao mesmo tempo forte e bela:


Sálvese quien pueda

Tengo una idea dando vueltas desde hace tiempo
¿Cómo es posible que el progreso sea tan violento?
Una flor, un árbol, un aroma, los pajaritos
Son valores que se van perdiendo de a poquito.

Hachan, tiran, rompen, sacan, ponen y hacen ruido
indignándonos con sus proyectos sin sentido
Demolieron la manzana de al lado de la plaza
para hacer un centro comercial tan grande y grasa

Sálvese quien pueda. Quien pueda que se salve.

Cambian la fachada de la casa, les da vergüenza
no nos enseñaron el valor de nuestra herencia.
La vereda, el almacén, el kiosco, los reconozco
si los quitan yo me siento sapo de otro pozo

Sálvese quien pueda. Quien pueda que se salve.

Las frutillas, los tomates, ahora no son tan ricos
porque les pusieron qué sé yo qué gen maldito
¡ah, las rosas! eran espinosas y perfumadas
ahora no te pinchan, pero tienen olor a nada.

Sálvese quien pueda. Quien pueda que se salve.
Veo, oigo, huelo, toco, siento, pienso.


2 commentaires:

Ana Carmo a dit…

foda esse show!!!!

nosso picoto a dit…

Além de ficar babando no CDzinho superbonito feito pela tia-avó da Juana Molina, a gente devia ter arrastado a mulher pra dançar! Que clima que ela cria!!