mardi, septembre 20, 2011
reclame
minha rima é infame, engana
meu cabelo é de aço, de arame
reclama essa voz distante
procura um nome
meu amor é sem jeito, arranca
minha tinta, meu brinco, o barbante
não ouve, não dá vexame
procura um nome
que cante uma dor, um lugar
que cante um ó, um ah
que engula esse nó e prenda o ar
e afogue antes de terminar
minha arma é sem fogo, dispara
o amargo, um soco na cara
nem tenta nem se mete a besta
procura um nome
sem corpo, sem cor e sem casa
sem fala, instrução ou palavra
que torne esse amor um reclame
de pedra, de pó, de nada
que cante uma dor, um lugar
que cante um ó, um ah
que engula esse nó e prenda o ar
e afogue antes de terminar
(Alice Coutinho e Romulo Fróes)
(img: Selena Maestrini)
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